A secretária regional da Organização Pan-Africana das Mulheres (OPM) reconheceu a educação como um estímulo para o empoderamento das mulheres, que serve de base para o futuro sustentável do continente.
Luzia Inglês, que falava sexta-feira, em Luanda, na Conferência de Abertura das Jornadas Comemorativas do Dia da Mulher Africana, que se assinala a 31 de Julho, referiu que este ano as celebrações da efeméride se vão centrar no debate histórico e no contributo prestado pela mulher africana na construção de uma sociedade de paz, solidariedade, ética e de respeito pelos Direitos Humanos das mulheres e homens.
O Dia da Mulher Africana, disse, é um momento especial para enaltecer o papel das lideranças femininas no continente africano, “em particular as mulheres angolanas, que são um exemplo de luta pela paz, democracia e estabilidade económica e social”.
Sob o lema “Investir na educação: Garantir o futuro das mulheres e raparigas em África”, a conferência de abertura das jornadas alusivas ao Dia da Mulher Africana reuniu mulheres de vários estratos sociais, desde ministras, secretárias de Estado, deputadas, desportistas, jornalistas e outras mulheres associadas que lutam em prol do empoderamento da mulher no continente africano.
Acesso à educação
Para a secretária-geral da Organização das Mulheres Angolanas (OMA), Joana Tomás, a África Subsaariana enfrenta, ainda, vários problemas para o alcance da igualdade de género na educação e das Metas de Desenvolvimento do Milénio.
A líder da organização feminina do MPLA, que procedeu à abertura das jornadas comemorativas do Dia da Mulher Africana, reconheceu igualmente que, a nível da região, existem bons exemplos que promovem a igualdade de género na educação, admitindo que os obstáculos que as meninas africanas enfrentam, na luta para conquistar o direito à educação, ainda são grandes em muitos países.
As barreiras, citou, incluem o casamento infantil, gravidez precoce, violência contra a mulher, pobreza, ambientes de aprendizagem e infra-estruturas inadequadas, falta de saneamento básico do meio onde vivem, assim como estereótipos desfavoráveis à classe feminina.
“África é um continente com muita diversidade, que abarca um leque amplo de culturas, países relativamente ricos, dependentes de ajuda externa, castigados por guerras civis, democracias estáveis, população com escolaridade relativamente alta e alguns com um índice de escolaridade muito baixo”, sublinhou.
Joana Tomás defendeu a necessidade de uma abordagem de intervenção para matricular as meninas e mantê-las na escola, com um sistema educacional funcional, fundamentalmente para a melhoria das oportunidades, principalmente no ensino de base.
“Temos a plena certeza de que não existe uma solução única para a resolução do problema de matricular e manter as meninas nas escolas”, frisou Joana Tomás, para quem as mulheres do continente africano são heroínas na luta incessante em busca da liberdade e afirmação política, económica e social, no concerto das nações.
A secretária-geral da OMA reconheceu, no entanto, que nem tudo vai mal, há avanços alcançados por alguns países africanos em relação aos direitos das mulheres à educação, assim como aos investimentos ligados à melhoria das infra-estruturas educacionais, formação e capacitação dos quadros, concepção de espaços de partilha de conhecimentos e de intercâmbio sobre práticas inovadoras no sector da agricultura familiar.
As mulheres, continuou Joana Tomás, estão conscientes da necessidade de transformar e revitalizar o sistema educativo de grande parte dos países, com particular realce para a implementação de estratégias eficazes e duradouras.
OMA manifesta regozijo com os avanços
A secretária-geral da OMA regozija-se com os avanços alcançados pela organização, enquanto membro da Organização Pan-Africana (OPM), na promoção da igualdade de género e do empoderamento da mulher.”Sentimo-nos orgulhosas por termos contribuído para a emancipação das mulheres africanas e para o seu desenvolvimento ao longo dos 62 anos de existência da OPM, criada na Tanzânia, na época da luta pela autodeterminação dos povos africanos, sob o jugo colonial e do apartheid e, também, da luta das mulheres africanas pelos Direitos Humanos”, disse.
Joana Tomás afirmou, ainda, estar confiante no prosseguimento das acções levadas a cabo pela OPM, visando a melhoria da condição da mulher no continente africano.
A presença da OPM na União Africana, na qualidade de Agência especializada, segundo a secretária-geral da OMA, pressupõe um maior engajamento das organizações filiadas.